quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Primeira Guerra Mundial II

O recuo alemão para regiões mais afastadas de Paris combinou com o surgimento das trincheiras - "os soldados se enterraram para poder sobreviver". No inverno de 1914/1915 760 quilômetros delas haviam sido escavados, partindo do canal da mancha até a fronteira suíça. Em alguns pontos, distanciavam-se apenas de 200,300 metros uma da outra, em outros chegavam a quatorze km. Durante os quatro anos seguintes, milhões de homens iriam viver como feras atormentadas pela fome, frio e pelo terror dos bombardeios. Em todas as batalhas que se sucederam, as linhas não se alteraram mais do que 18 quilômetros. Nunca em toda a história militar da humanidade tantos pereceram por tão pouco.

Dificilmente as palavras conseguem reproduzir todo o horror de uma guerra, mesmo assim recolheu-se material daqueles que puderam deixar seu testemunho em forma de cartas, diários, memórias ou livros. Vamos ouvi-los:

"O odor fétido nos penetra garganta a dentro ao chegarmos na nossa nova trincheira, a direita dos Éparges. Chove torrencialmente e nos protegemos com o que tem de lonas e tendas de campanha afiançadas nos muros da trincheira. Ao amanhecer do dia seguinte constatamos estarrecidos que nossas trincheiras estavam feitas sobre um montão de cadáveres e que as lonas que nossos predecessores haviam colocado estavam para ocultar da vista os corpos e restos humanos que ali haviam."
(Raymond Naegelen, na região de Champagne)

"Pela manhã, quando ainda está escuro, há um momento de emoção: pela entrada do nosso abrigo precipita-se uma turba de ratos fugitivos, que trepam por toda a parte a longo das paredes. As lâmpadas de algibeira alumiam este túmulo. Toda a gente grita, pragueja e bate nos ratos. Descarregam-se, assim, a raiva e o desespero acumulados durante numerosas horas. As caras estão crispadas, os braços ferem, os animais dão gritos penetrantes e temos dificuldades em parar, pois estávamos prestes a assaltar-nos mutuamente."
(E. M. Remarque, pág. 113)

"De repente, uns silvos estridentes nos precipitaram ao chão, apavorados. A rajada acaba de estalar sobre nós. Os homens, de joelhos, encolhidos, com a mochila sobre a cabeça e encurvando as costas, se apegavam uns aos outros. Por baixo da mochila dou uma espiada nos meus vizinhos: arquejantes, sacudidos por tremores nervosos e com a boca contraída numa contração terrível, batiam os dentes e, com a cabeça abaixada, tem o aspecto de condenados oferecendo a cabeça aos carrascos. Esta espera da morte é terrível. O cabo, que havia perdido seu capacete, me diz: rapaz, se soubesse que isso era a guerra e que vai ser assim todos os dias, prefiro que me matem logo. (...) Na sua alegre inconsciência, a maioria dos meus camaradas não havia jamais refletido sobre os horrores da guerra e não viam a batalha senão pelas cores patrióticas: desde nossa saída de Paris, o Boletim do Exército nos conservava na inocente ilusão da guerra ser um passeio e todos acreditavam na história dos boches se renderem aos magotes. (...) A explosão daquele instante, sacudiu nosso sistema nervoso, que não esperava por isso, e nos fez compreender que a luta que começava seria uma prova terrível. Escute meu tenente, parece que se defendem estes porcos!"
(Diário do Tenente Galtier-Boissière, na frente ocidental em 22 de agosto de 1914)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Primeira Guerra Mundial I

Começa hoje uma sequência de duas postagens que farei sobre a Primeira Guerra.

Essa primeira parte apresenta alguns videos.
Todos foram muito bem contextuados, e mostram por meio da comédia a dura realidade da guerra.
Palmas para o grande gênio Chaplin!



Esse primeiro video mostra dois fatos marcantes:
- O mais evidente é o despreparo do Exército, que na verdade foi composto por muitos comerciantes que nunca tinha sequer pegado em uma arma
- O segundo é um detalhe pequeno, a ratoeira no pescoço do soldado, representando a fome que eles passavam durante o conflito.
Sim, eles capturavam os ratos para comer.



O segundo video mostra, de forma um pouco exagerada, as péssimas condições da trincheira, como a lama e a inundação de água.

Ah! Limburger é um queijo de origem belga, que é conhecido por ter um odor bastante forte.

A segunda postagem terá alguns depoimentos.
Desaconselhável para estômagos fracos.

domingo, 6 de setembro de 2009

Amedicina

Leve estímulo para quem quer fazer Medicina.
Hahaha.



"Música da Banda Arritmia (Cuiabá - MT) que conta de forma humorada o trajeto da entrada à saída da faculdade de medicina."

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades



"Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança:
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
que já foi coberto de neve fria,
e em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto;
que não se muda já como soía."
(Luís Vaz de Camões)

[mor - maior
soía - costumava]

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Tempo que passa

"Cheguei a encarar a água, o Rio das Velhas passando seu muito, um rio é sempre sem antiguidade"
(João Guimarães Rosa)

"Ninguém mergulha duas vezes no mesmo rio"

(Heráclito)


domingo, 23 de agosto de 2009

Um gênio chamado Raul



Entrevista ao Jornal Pasquim, Rio de Janeiro, Novembro de 1973

"O Pasquim - Então você quer abrir uma porta na cabeça de quem tá te ouvindo. Não há uma hora em que se fecha de repente? O perigo de fazer essas coisas, o perigo do magicismo, da maneira de dizer as coisas...

Raul - É uma escada.

O Pasquim - Mas ao mesmo tempo há o perigo de você se fechar dentro do magicismo! Há esse perigo, você vê esse perigo?

Raul - Não. É uma escada. Um estágio. Nós estamos no primeiro estágio. Estamos transando com a fase "Terra" da coisa. Esse primeiro estágio tem que ser assim. O segundo estágio é outra coisa, já é mais aberto. Não se pode começar uma coisa assim, você tem que manipular. Por exemplo, Raul Seixas. Eu tô segurando Raul Seixas ali embaixo, como uma marionete. Eu tô aqui em cima. Eu sei até que ponto ele deve subir um pouquinho mais, cada vez mais. Mas nunca ele pode chegar aonde eu estou, não vou comunicar mais.

O Pasquim - Esse Raul Seixas que você manipula, que está lá embaixo, é em função de quem te escuta e te vê?

Raul - Esse Raul Seixas que está no teatro Tereza Raquel, cantando esse tipo de música, dando um certo toque mágico na coisa, é necessário. Usando muito a imaginação, a intuição. Longe, fugindo do logicismo. Esse logicismo radical, kantiano, de Pascal. Eu vejo isso como um estágio.

O Pasquim - Você faz isso mais para se entender ou pra que os outros te entendam?

Raul - Pra que os outros me entendam. Pra que eu penetre em todas as estruturas, em todas as classes, em todas as faixas. Todo mundo tá cantando A Mosca na Sopa."

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Travessia

"O real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia"
(João Guimarães Rosa)


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

"Engolir sapo"

Hoje ouvi uma coisa engraçada:

"Quem trabalha tem que aguentar 'engolir o sapo'!"

Sim, pode ser uma visão um pouco exagerada, mas é real.
Todos em algum momento passamos por isso.
Principalmente quando nosso chefe não colabora (hehehe).

Mas é assim mesmo, aguentar até chegar ao topo.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Não é fácil

Num dia desses, fiquei muito feliz em saber que algumas pessoas gostam mesmo de acompanhar meu blog, alguns até o elogiaram. Fico muito grato de saber que gostam de ler, comentar e opinar. Para deixar claro, adoro ouvir todo tipo de crítica sobre meu blog, boa ou ruim.

Peço desculpas a essas pessoas por não estar postando com certa frequência, mas estou em tempos difíceis. Venho não concordando com alguns temas familiares, e isso leva a certos desacordos. Além disso, estou no começo de um novo semestre, e ao final do ano farei o famoso Vestibular (de novo). Estudar, estudar, estudar!

No meio disso tudo, ainda vou achar mais tempo para postar.

São tempos difíceis sim, mas quem disse que a vida é fácil?

sábado, 1 de agosto de 2009

Tenso

Ontem foi um dia histórico.
Amigos, truco, Poker, filme.

Os amigos?
Aquele mesmo bando de irmãos.

Truco e Poker?
É claro que tinha que ter baralho!

O filme?
Fomos ver "O Exorcista".

Tenso é dormir com imagens como essa na cabeça: